quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Seguindo para São Paulo

          Diante da indicação dos 3 médicos preparamo-nos então para seguir em viagem para São Paulo.

          Fomos então nós três, eu, meu marido e o nosso pequenino de apenas 8 meses de idade rumo à expectativa de um diagnóstico mais suave, quem sabe até, completamente diferente do que havíamos recebido.

          Mesmo sem grandes condições financeiras fomos a São Paulo de avião para uma consulta particular com o otorrinolaringologista, chamado de "papa" no assunto sobre perda auditiva, doutor e professor da USP, portanto o profissional mais conceituado no Brasil. Nosso sentimento era ambíguo: muita esperança que um médico mais preparado especificamente em surdez pudesse nos dar um outro diagnóstico e um medo profundo de que fosse confirmado o que nos disseram. Porém a esperança falava bem mais alto........ou será que era o medo que nos cegava?

          O frio em São Paulo estava de congelar, chuva, vento.....e o nosso pequeno todo embrulhadinho em roupas e manta de lã, lindo, parecia um bonequinho!

          Chegamos no consultório e o médico nos recebeu com um largo sorriso tranquilizador. Ouviu toda nossa história, nos perguntou várias coisas sobre a gravidez, pré-natal, acompanhamento clínico, vacinas, histórico nas famílias (nenhum), parto e primeiros meses. Todas as nossas respostas foram consideradas excelentes tanto para a gestação como para os primeiros meses de vida. Tudo indicava uma perfeita saúde e, como também não havia existido nenhuma doença durante a gravidez, nada havia que pudesse justificar uma surdez no bebê.

            Puxa....... como ficamos felizes ao ouvir isto.
          Ele então pediu um exame onde poderia saber dos reflexos auditivos de nosso pequeno. Este exame poderia ser feito lá mesmo no consultório dele com sua esposa que era fonoaudióloga. 

          Foi um exame razoavelmente rápido, na verdade um teste de orelhinha que ainda não era comum no Recife naquela época. Cada movimento da fono era acompanhado por nós minuciosamente tentando identificar reações nela que nos fossem favoráveis.
          E a ansiedade era ainda maior, mais enervante pois só saberíamos do resultado através do médico e não da fono. Continuamos na espera pelo atendimento de retorno de um médico que tinha seu consultório absolutamente lotado, sufocando ainda mais nossa ansiedade.

          Finalmente chegara a nossa hora e o médico nos atende mais uma vez com um largo sorriso e nos dá o "veredito":
-- fiquem tranquilos, seu filho tem uma 'pequena perda' de audição, ele respondeu bem aos estímulos mas apresentou uma pequena alteração. Ele tem líquido dentro do tímpano e isso pode causar esta diminuição na audição. O procedimento correto é fazer uma cirurgia para colocação de tubos de ventilação. Nesta cirurgia nós tiramos o líquido e deixamos um tubo no tímpano por onde a secreção continuará saindo. Após alguns meses o organismo expele este tubo e o tímpano cicatrizará sem a necessidade de se fazer nada.
          Uma imensa alegria, uma vontade louca de sair pulando e gritando, tomou conta de nós! Um peso inimaginável acabara de sair de cima de nossos ombros, as cores pareciam mais intensas e vibrantes, tudo parecia mais bonito. Finalmente...... uma pequena cirurgia acabaria com todos estes meses de sofrimento e angústia pelo futuro de nosso filho amado. Não queríamos nem saber o porquê dos médicos do Recife não levantarem esta possibilidade, talvez realmente por não terem esta especialidade, mas agora já não interessava olhar para trás e sim continuarmos.

          Porém o médico nos comunicou que não fazia cirurgias em menores de 1 ano de idade e, portanto, não poderia fazer a cirurgia naquele ano. Ficou decidido então que a cirurgia seria dali a 6 meses, quando ele estivesse com 1 ano e 2 meses.

          Saímos daquele consultório exultantes, felizes e muito, mas muito aliviados mesmo. 

          Embarcamos de volta para casa com a melhor notícia possível para toda a família que ficara na torcida e nas orações.
           
            Que alívio!!!!


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