domingo, 10 de setembro de 2017

Cirurgia em São Paulo

      Foram 6 meses desde nossa saída de São Paulo, 6 meses de calmaria, sem aquela angústia sufocante agarrando em nossos pescoços, sem as dúvidas cruéis martelando em nossas cabeças, somente curtindo o crescimento do nosso lindo bebê. O acompanhamento com o pediatra sempre em dia e o desenvolvimento dele sempre considerado excelente, com exceção da fala, mas isso nós já sabíamos o motivo: o líquido dentro dos tímpanos e isto seria resolvido agora nesta cirurgia.

  Chegamos ao consultório onde recebemos da secretária do médico, todas as informações sobre o procedimento para a internação de nosso filho. Levamos o primeiro grande susto: a cirurgia seria realizada no dia seguinte e no maior hospital de São Paulo, Hospital Albert Einstein!!!!!!
Nosso plano não cobria a cirurgia neste hospital e o médico só operava lá!!! O que fazer? Não pensamos duas vezes: era da cirurgia que ele precisava então seria feita, ponto. Não poderíamos voltar atrás, de jeito nenhum.

      Nosso filhão estava em jejum desde às 10 horas da noite anterior e a cirurgia marcada para às 10 da manhã. Aguardamos o médico no quarto, mas...........ninguém, ninguém da equipe médica apareceu nem mesmo o anestesista, este apenas passou no posto de enfermagem para prescrever uma medicação!! 

      Na hora marcada a enfermeira avisou que o médico chegara e que era hora de levar nosso bebê para o centro cirúrgico. Nós o acompanhamos até a porta e lá o anestesista pegou nosso filho no colo e disse que poderíamos aguardar na ante sala que no final da cirurgia o médico falaria conosco.

      Como foi difícil entregar nosso bem mais precioso nas mãos de alguém que não conhecíamos, que sequer havia se apresentado antes. 

      E a espera mais longa das nossas vidas iniciava-se agora. O relógio não avançava, os minutos não passavam, o tempo havia congelado e nos deixava sufocados. Muitas emoções se misturavam, ansiedade, expectativa, fé, esperança, dor, dúvidas, incertezas e um desejo imensurável de que esta cirurgia pudesse reverter completamente o quadro da audição dele.

      Sinceramente não sei dizer quanto tempo passamos andando na frente daquela porta que dava acesso ao bloco cirúrgico. Os enfermeiros que passavam por lá se solidarizavam conosco mas não conseguiram amenizar nossa aflição. Não tínhamos ninguém da família por perto, éramos só nós dois, os pais. Puxa, como faziam falta os colos, os ombros, as palavras de apoio, enfim, o carinho da família perto de nós.

      De repente ouço o som do choro dele, um choro agoniado e falei para meu marido que sabia que era ele. Não resisti e, mesmo sabendo que não deveria, abri a porta do bloco cirúrgico e encontrei meu filho no braço de um enfermeiro, acordando de uma anestesia e chorando muito. Ele estava aguardando o elevador chegar.

      Graças a Deus, eu estava vendo meu filho e ele estava bem!!!!!

      Não pensei duas vezes e arranquei meu filho dos braços daquele homem que dizia estar levando-o para o quarto. Como??? Haviam nos dito para aguardar naquela sala, que o médico viria falar conosco, que avisariam quando acabasse a cirurgia!!! Nem médico, nem anestesista, nem informações, nada, apenas um enfermeiro que não sabia de nada e estava levando nosso bebê para um quarto vazio! E se não fosse para o quarto?? Sabemos de tantas coisas por aí!    Que raiva!!!!!!

      Ainda acreditávamos que o médico estava se arrumando para ir até o quarto, portanto seguimos direto para lá. Nosso filho continuava chorando muito e fui perguntar à enfermeira se podia alimentá-lo e ela disse que não pois não havia nenhuma informação na papeleta. E o médico??? Onde estava?? 

      Eu tinha certeza que o choro dele era de fome e então, por conta própria, resolvi dar a mamadeira. O instinto estava certo: era muita fome mesmo, tanta, que ele aceitou a segunda mamadeira e a bebeu todinha. E o médico??? Onde estava??

      Depois de mais de 2 horas e meia de espera e de procurarmos o posto de enfermagem várias vezes, fomos finalmente informados do paradeiro do médico: havia ido embora!!!!! Como?? Foi embora?? Não foi nos ver antes nem depois da cirurgia???? E as informações pós-cirúrgicas?? E a alta, quando seria? Quais os cuidados....... Sentimos o abandono, a falta de respeito, a falta de profissionalismo, e a falta de humanidade daquele médico que, para ser considerado o papa, ainda precisava muito aprender sobre respeito e amor ao próximo.

      Por volta das 15:00h soubemos que ele havia deixado a alta já prescrita para aquele horário. O que demonstrava, mais uma vez, a insignificância que representávamos para ele.  

      Telefonamos para o consultório do médico  algumas vezes pois precisávamos de informações e, como resposta, ouvimos sempre: "ele não pode atender porque está em consulta"!  

      Pois bem, iríamos até lá! 



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